Um Lugar Demorado
- Alberto Carvalho - Narrador

- 27 de jul.
- 2 min de leitura
Um Lugar Demorado
Há textos que se escrevem com pressa — e há os outros.
Os que demoram.
Não por falta de palavras, mas por respeito ao silêncio onde nasceram.
Este lugar não é uma rede, nem uma vitrina.
Não foi feito para correr, nem para medir cliques.
Foi feito para deter.
Para parar.
Para respirar.
Para ler sem urgência — e talvez, com sorte, reler.
Durante meses, publiquei apenas no Facebook.
Com gosto.
Com espanto.
Com esse espanto feliz de ver palavras que julgava solitárias encontrarem quem as lesse.
Houve quem lesse à noite.
Quem lesse à hora do almoço.
Quem lesse com os filhos ao colo.
Quem lesse no hospital, na paragem de autocarro, no intervalo da luta.
E houve até quem dissesse: “Já guardei tudo para ler nas férias.”
Mas a certa altura, percebi que havia necessidade de outra casa.
Uma casa onde os textos não se perdessem com o tempo, nem fossem soterrados por algoritmos, nem precisassem de competir com imagens, anúncios e vozes mais altas.
Este site não vem substituir nada.
Vem acrescentar.
É uma espécie de Caderno — mas partilhado.
Um espaço sem distrações. Sem pressa. Sem meta.
Aqui, cada texto tem o seu lugar, o seu tempo, a sua pausa.
E quem chega não é tratado como seguidor, visitante ou número.
É tratado como leitor. Como pessoa.
Como alguém que merece não apenas palavras — mas um lugar para estar com elas.
Neste domingo, que é também um recomeço, deixo-lhe este convite simples: Fique um pouco.
Leia devagar.
E se algo tocar, não partilhe — guarde-o.
Há coisas que se guardam só por dentro.
E esse gesto, hoje em dia, é já uma forma de resistência.
Bem-vind@.




Adoro os seus textos! Bem haja!
Obrigada.