Quando a Casa se Torna Silêncio em Portugal
- Frei Lourenço de Santa Clara - Narrador

- 31 de ago.
- 2 min de leitura
A violência doméstica não se mede em números, mas em vidas profanadas.
Ouço dizer que numa só semana foram quase trezentos os casos de violência doméstica registados pela polícia.
Contam-me que no ano passado chegaram a dezenas de milhares.
Mas números são apenas isso — contas frias.
O que me assusta não é a soma: é imaginar que cada número é um rosto, uma criança que se cala, uma mulher que se esconde, um homem que não ousa pedir ajuda.
As estatísticas correm pelos jornais como chuva em vidro.
Escorrem, impressionam por instantes e depois perdem-se.
O verdadeiro escândalo é este: a indiferença que se instala quando deixamos que a violência se torne rotina.
A casa deveria ser templo. A mesa, altar de encontro. O quarto, abrigo.
Mas há casas que se tornam cavernas de medo, mesas que são palco de humilhação, quartos que guardam mais silêncio do que repouso.
Cada gesto de violência é um sacrilégio contra a dignidade humana — e não há lei ou sentença que repare totalmente essa profanação.
Rezamos. Sim, rezamos pelas vítimas.
Mas a oração não pode ser um suspiro vazio.
Precisa de se transformar em ação: numa porta que se abre, numa denúncia que se faz, num vizinho que não fecha os olhos.
A fé que se limita a contar terços sem se deixar comover é apenas repetição.
Cristo nunca contou vítimas, chamou-as pelo nome.
É isso que nos falta: sair da frieza dos totais e olhar cada vida como única.
Só assim os números deixam de ser estatística e passam a ser grito.
E só assim a oração se converte em justiça.
Frei Lourenço de Santa Clara




E a tristeza e a desilusão que habitam em tantos lares ...
Uma das misérias no nosso país e a Justiça que não tem mão pesada para estes covardes que só têm maus tratos para mulheres indefesas e os filhos assistir a esta barbárie .....Se lhe dessem penas de 25 anos,eles aprendiam,eu vejo casos na televisão que entram no tribunal e saem de seguida com a proibição de se não chegarem junto das mulheres,ora se ficam livres é para repetir a mesma façanha... é de lamentar ao que chegou o nosso país,a todos os níveis......
O que me arrepia não são só os números, é imaginar o silêncio de quem sofre dentro de casa e ninguém ouve. Abraços, amigos.