Para quem não disse que vinha
- Alberto Carvalho - Narrador

- 27 de jul.
- 1 min de leitura
Não disse a ninguém que voltava a escrever.
Nem a mim próprio.
Apenas abri o espaço, como quem empurra devagar a porta de uma casa antiga.
Não para se instalar — mas para ver se ainda estava tudo no lugar.
Às vezes, escrevo como quem acende uma luz numa sala onde não há ninguém.
Só para saber se ainda funciona o interruptor.
Não espero resposta.
Mas há dias em que me pergunto se alguém reparou na claridade.
Este texto é isso: Uma lâmpada acesa no meio de um silêncio que não me respondeu, mas também não me mandou calar.




Gostar ao ponto de inspirar longamente o sentimento circunscrevendo o deixado numa folha já não em branco não deveria obrigar a comentários, que na interacção entre o que foi dito na inteireza das palavras escritas e o percepcionado ou entendido pelo olhar alheio, passado a comentário, para lá de poder desvirtuar o texto potencia injustiças à interacção entre o escrito e o lido.