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Alberto Carvalho — Narrador para quem ainda escuta as palavras

O espaço de Alberto Carvalho, crónicas, contos e reflexões para quem lê devagar

Para quem não disse que vinha

Não disse a ninguém que voltava a escrever.


Nem a mim próprio.


Apenas abri o espaço, como quem empurra devagar a porta de uma casa antiga.


Não para se instalar — mas para ver se ainda estava tudo no lugar.


Às vezes, escrevo como quem acende uma luz numa sala onde não há ninguém.


Só para saber se ainda funciona o interruptor.


Não espero resposta.


Mas há dias em que me pergunto se alguém reparou na claridade.


Este texto é isso: Uma lâmpada acesa no meio de um silêncio que não me respondeu, mas também não me mandou calar.

Luz amarela projectada numa sala vazia com cadeira solitária ao fundo.
Luz branca projetada numa sala vazia

2 comentários

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Paulo Barros Cardoso
28 de jul.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Gostar ao ponto de inspirar longamente o sentimento circunscrevendo o deixado numa folha já não em branco não deveria obrigar a comentários, que na interacção entre o que foi dito na inteireza das palavras escritas e o percepcionado ou entendido pelo olhar alheio, passado a comentário, para lá de poder desvirtuar o texto potencia injustiças à interacção entre o escrito e o lido.

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O Caderno
O Caderno
29 de jul.
Respondendo a

Que comentário belíssimo — e tão raro. Há de facto textos que pedem silêncio, não por serem intocáveis, mas por se quererem inteiros na relação com quem os lê. Agradeço profundamente a delicadeza com que nomeou essa tensão entre o que se escreve e o que se diz depois. É raro encontrar palavras que respeitam assim o intervalo sagrado entre o gesto e a leitura. Muito obrigado.

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