O silêncio que ainda falta ouvir
- Alberto Carvalho - Narrador

- 8 de ago.
- 1 min de leitura
Há silêncios que não são ausência.
São presença inteira.
O silêncio que nos interessa não é o de quem se demite, mas o de quem prepara a palavra como se fosse pão.
Um silêncio que pesa, que resiste à pressa e à espuma dos dias.
Frei Lourenço de Santa Clara olha o país como quem observa um claustro depois da procissão: já não há música, já não há passos, mas ficou no ar a certeza de que algo sagrado aconteceu.
E, no entanto, sabe que a política é feita de homens e mulheres que raramente se ajoelham antes de decidir.
Escrever, para ele, é quase um ato litúrgico.
Não para erguer templos, mas para lembrar que a justiça não é uma ideia suspensa — é pão para hoje, e pão para todos.
O silêncio de Frei Lourenço não é neutro.
É um silêncio que toma partido: pelo pobre, pelo que perdeu, pelo que nunca teve.
E, quando a palavra chega, não é para ornamentar o vazio, mas para dizer o que, dito alto demais, se perde no ruído.
Aqui, na Comunidade AC, o Frei escreve para quem sabe que o país não se mede só em contas públicas e orçamentos.
Mede-se também no rosto de quem ninguém chama pelo nome.
AC




Uma excelente reflexão. O medo tolhe o pensamento, o discernimento e a liberdade de expressão. Assim, torna-se mais fácil aos governantes atingirem os seu propósitos. As novas gerações estão anestesiadas, não só pelo medo, mas por não terem que lutar por um ideal.
Muito interessante!
Sem reflexão não há vida .