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Alberto Carvalho — Narrador para quem ainda escuta as palavras

O espaço de Alberto Carvalho, crónicas, contos e reflexões para quem lê devagar

Nunca Mais Calados

Senhor Presidente da República,


Não há maior traição à ideia de pátria do que permitir que os seus filhos e as suas mulheres vivam com medo dentro das próprias casas.


Portugal não se mede apenas pelo PIB ou pelas exportações: mede-se, sobretudo, pela coragem de proteger os mais frágeis. E nesse campo falhamos todos os dias.


Os números que nos chegam não são estatísticas: são gritos.


São crianças que aprendem cedo demais o silêncio da humilhação.


São mulheres que conhecem o peso de um olhar que ameaça, de uma mão que fere, de uma porta que se fecha.


Cada vida destruída entre paredes deveria ser um alarme nacional. E, no entanto, a cada semana há mais um rosto sem que o país inteiro pare.


Por isso lhe peço, Senhor Presidente, que convoque não apenas as instituições mas também a alma coletiva: que faça da luta contra a violência doméstica uma causa nacional, urgente e inadiável.


Precisamos de leis mais firmes, sim; mas precisamos sobretudo de uma cultura que não tolere desculpas, que não aceite pactos de silêncio, que não esconda a vergonha atrás da palavra “privado”.


A justiça deve ser chamada a integrar esta campanha desde já, não apenas como quem decide no fim, mas como parte que acompanha o processo e reconhece os elementos que a sociedade vê.


As crianças não podem esperar.


As mulheres não podem esperar.


E o país, se tiver memória, também não pode.


Que esta campanha nacional seja um compromisso de Estado e um pacto entre todos os portugueses: nunca mais fechar os olhos, nunca mais ouvir calados, nunca mais permitir que o medo tenha lugar na mesa de uma família.


Com respeito e esperança,


AC


Bandeira de Portugal como símbolo do apelo contra a violência doméstica.
A Pátria Não Pode Ser Silêncio

4 comentários

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jcarloscalixto2
jcarloscalixto2
27 de ago.
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Um desígnio nacional, sim!

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27 de ago.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Tenho filhas e netas. Só de pensar no medo que tantas mulheres e crianças vivem todos os dias, fico gelado. Obrigado por pôr em palavras aquilo que muitos não têm coragem de dizer.

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Convidado:
27 de ago.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Este texto devia ser lido em voz alta no Parlamento. Não é política, é humanidade. Quantas mais vidas precisamos de perder para perceber que isto é urgente?”

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Convidado:
27 de ago.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Não se trata de esquerda ou direita. Trata-se de proteger quem não se consegue proteger sozinho. Uma campanha nacional já devia estar nas ruas há anos.

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