O Instante que nos Pertence
- Elian Morvane

- 22 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de nov.
Elian Morvane não nasceu para ser escritor.
Nasceu para guardar silêncios, para observar o mundo como quem escuta um rumor antigo que poucos ouvem.
Sempre acreditou que a palavra só merece existir quando resgata aquilo que, sem ela, se perderia no esquecimento.
Talvez por isso escreva como quem acende uma vela: não para iluminar multidões, mas para que uma única pessoa, ao ler, sinta que não está sozinha.
O seu nome não vem de linhagem literária, não se prende a academias, nem se alimenta de salões de prestígio.
Cresceu entre livros gastos e ruas estreitas, onde a realidade parecia sempre maior do que qualquer narrativa.
Carrega nas frases a poeira das cidades, a nostalgia das aldeias, a ferida e a promessa do futuro.
A sua escrita não procura ser resposta — é pergunta.
Não oferece certezas, mas abre espaços de respiração, onde cada leitor pode reconhecer-se ou perder-se.
É uma prosa que mistura o íntimo e o universal, o quotidiano e o intemporal, como se uma confissão pudesse, de repente, transformar-se em visão.
Alguns chamariam a este tom melancolia.
Outros, esperança.
Elian Morvane prefere chamar-lhe simplesmente fidelidade ao humano — às suas dores, às suas fragilidades, mas também às suas possibilidades de ternura.
Não reivindica escolas nem manifestos.
O que escreve nasce da urgência interior, como se cada texto fosse o único modo de permanecer vivo.
Por isso, tanto numa breve nota publicada numa rede social, como num livro que atravessa centenas de páginas, reconhece-se sempre a mesma marca: uma voz que não grita, mas fica.
Elian Morvane escreve porque não sabe não escrever.
E, talvez por isso, cada palavra sua soe a algo que já existia dentro de nós — apenas aguardava que alguém lhe desse nome.




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